ATA DA NONA SESSÃO SOLENE DA PRIMEIRA SESSÃO LEGISLATIVA ORDI­NÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 05.08.1993.

 


Aos cinco dias do mês de agosto do ano de mil novecentos e no­venta e três reuniu-se, na Sala de Sessões do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre, em sua Nona Sessão Solene da Primeira Sessão Legislativa Ordinária da Décima Pri­meira Legislatura. Às dezessete horas e trinta e um minutos, constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente de­clarou abertos os trabalhos da presente Sessão Solene, destinada a homenagear os oitenta anos de fundação do Colégio Santo Antonio, conforme Requerimento nº 124/93 (Processo nº 1257/93), de autoria do Vereador Wilton Araújo. Compuseram a Mesa: Vereador Wilton Araújo, Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Professora Nilza Irulegui Bueno, Diretora do Colégio San­to Antonio; Jornalista Adaucto Vasconcellos, representante do Senhor Prefeito Municipal; Coronel José Roberto Rodrigues, re­presentante do Comando Geral da Brigada Militar; Jornalista Firmino Sá Brito Cardoso, representante da Associação Riograndense de Imprensa; Irmão Armando Bortolini, representante do Senhor Reitor da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul; Vereadores Clóvis Ilgenfritz e Airto Ferronato, respectivamente, 2º Vice-Presidente e 1º Secretário da Casa. A se­guir, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. O Vereador Wilton Araújo, em nome das Bancadas do PDT, PMDB, PPS, PFL e PC do B, falou sobre a história do Colégio Santo Antonio, destacando sua fundação, há oitenta anos, por irmãos lassalistas, e atentando para o crescimento alcançado pelo mesmo, apesar das dificuldades enfrentadas pelas instituições educacionais brasileiras. Ainda, ressaltou ter este Colégio pautado sempre sua linha de trabalho na busca da qualidade de ensino e da integração com a comunidade. O Vereador João Verle, em nome da Bancada do PT, destacou o potencial de democratização do ensino e qualificação dos docentes observado nas escolas lassalistas, dizendo ser fundamental a integração dos pais no processo de ensino-aprendizagem. Declarou defender seu Partido o ensino público e gratuito, realidade infelizmente hoje não encontrada no País, salientando visar o Colégio Santo Antonio não um objetivo mercantilista, mas, isso sim, a capacitação intelectual, religiosa e social do estudante. O Vereador João Dib, em nome da Bancada do PPR, sa­lientou integrarem o Colégio Santo Antonio professores com os quais conviveu em sua infância e adolescência, tendo marcado profundamente sua personalidade, através de uma orientação se­gura sobre valores éticos e morais básicos para o cidadão. Comentou as dificuldades enfrentadas pelo sistema educacional brasileiro, público ou privado, analisando a importância do pro­fessor na vida de cada ser humano. O Vereador Luiz Braz, em no me da Bancada do PTB, falou do clima de união que reina entre os colégios lassalistas de todo o mundo, discorrendo sobre a fundação do Colégio Santo Antonio e destacando ser ele hoje um dos mais importantes colégios brasileiros e motivo de orgulho para todos os porto-alegrenses. Após, o Senhor Presidente re­gistrou a presença, no Plenário, do Presidente da Federação Brasileira das Associações La Salle e de representante do Jornal do Comércio, e concedeu a palavra a Professora Nilza Irulegui Bueno que, em nome do Colégio Santo Antonio, agradeceu a home­nagem prestada pela Casa, falando sobre o trabalho realizado pela Instituição que preside, de formação do jovem para sua convivência positiva na nossa sociedade. Em prosseguimento, o Se­nhor Presidente procedeu à entrega de flores para a Professora Nilza Ilugueli Bueno, agradeceu a presença de todos e, nada mais havendo a tratar, declarou encerrados os trabalhos às dezoito horas e doze minutos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Ordinária de amanhã, à hora regimental. Os trabalhos foram presididos pelos Vereadores Wilton Araújo e Clóvis Ilgenfritz e secretariados pelo Vereador Airto Ferronato. Do que eu, Airto Ferronato lº Secretário, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelo Senhor Presidente e por mim.

 

 


O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Daremos início à Sessão Solene destinada a homenagear os 80 anos de fundação do Colégio Santo Antonio. Esta Sessão Solene foi a requerimento deste Vereador, aprovada por unanimidade pelos Vereadores de Porto Alegre. Muito honra a esta Casa poder marcar essa data que diz muito à comunidade porto-alegrense.

Também presentes o Presidente da Associação de Pais e Mestres do Colégio Santo Antonio Dr. Delson Iranzo, Presidente da Associação dos Antigos Alunos do Colégio Santo Antonio Dr. Jorge Cunha, Presidente do Centro de Professores e Funcionários Lisarb Lomando, Presidente do Grêmio dos Alunos do Colégio Santo Antonio Eduardo Silva, Vice-Diretor da Escola Irmão Nestor Ats.

Para prazer desta Casa, hoje contamos com a presença do ex-Vereador e Deputado sempre João Severiano. Também contamos com as presenças dos Vereadores João Dib, Clóvis Ilgenfritz, João Verle Luiz Braz, no início da nossa Sessão Solene.

Dando início à nossa Sessão Solene, gostaríamos de, como proponentes, ocupar a tribuna. Para tanto, chamamos o Ver. Luiz Braz, Vice-Presidente da Mesa, para que assuma a Presidência.

 

(O Ver. Luiz Braz assume a Presidência dos trabalhos.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra, o Ver. Wilton Araújo.

 

O SR. WILTON ARAÚJO: Sr. Presidente em exercício Ver. Luiz Braz; Senhores; Senhoras; autoridades que compõem a Mesa, já nominadas; alunos do Colégio Santo Antonio que nos brindam com sua presença.

Esta homenagem pela passagem dos oitenta anos do Colégio Santo Antonio tem uma característica muito especial: entre as entidades e instituições do Município de Porto Alegre são poucas as que já atingiram oitenta anos e, entre essas, poucas as que chegaram, como o Santo Antonio, aos oitenta anos com vigor, com a vontade, com a qualidade que o Santo Antonio tem, com o compromisso com a comunidade que o Santo Antonio tem. Então, para a Câmara Municipal, para os Vereadores, representantes do povo da Cidade, é, sem dúvida, um momento não só solene mas, também, importante, na medida em que marca a vontade que teve grupo de pessoas, há oitenta anos, de criar o que hoje é uma das melhores escolas da nossa Capital. (Lê.)

“Em nosso Pais, onde a carência de estabelecimentos educacionais explica grande parte das agruras por que passamos, é extremamente gratificante saudar o transcurso do octagésimo aniversário de uma escola como o Colégio Santo Antonio.

Fundado em 04 de agosto de 1913, pelos Irmãos Lassalistas Firme Alfred e Bernard Victor, começou de forma modesta, no pequeno prédio de madeira localizado na esquina hoje formada pela Rua Luís de Camões e Av. Bento Gonçalves.

Os recursos materiais eram pequenos, mas a renovação daqueles religiosos pela causa do ensino de inspiração cristã era imensurável.

Integrantes da congregação dos irmãos das escolas cristãs, tinham por objetivo o desenvolvimento da obra de São João Batista La Salle, padre francês que dedicou sua vida à educação das crianças do povo, dentro dos princípios da fé cristã.

No ano seguinte, após a reforma do prédio então alugado, foi instalada a 1° comunidade dos irmãos, e o número de alunos já beirava uma centena.

Em 1915, os irmãos lassalistas adquiriram, na Rua Luís de Camões, próximo à escola, um terreno, onde hoje se localiza o colégio.

Mais adiante, em 1922, foi construído o prédio de alvenaria do campanário, permitindo a ampliação do número de vagas.

A partir daí, o colégio foi desenvolvendo o ensino de alto nível que oferece à comunidade, com criação sucessiva de seu pensionato, associação de ex-alunos, do ginásio, do grêmio estudantil, da associação de pais e Mestres, do curso científico misto, do centro de professores, dos cursos noturnos, construção do ginásio de esporte, criação do jardim de infância e conclusão do 2° bloco de salas de aula.

Como se pode verificar, a semente lançada pelos irmãos lassalistas há oitenta anos não parou mais de frutificar, contando hoje o Colégio Santo Antonio com jardim de infância, pré e cursos de 1° e 2° graus completos, atendendo a cerca de 1.100 alunos na comunidade dos bairros Partenon e Santo Antonio.

Dificuldades não faltaram principalmente se considerar a triste realidade do nosso País, pois reafirmando o que disse ao início desta saudação, no descaso de muitos governos para com o dever de educar e na falta de estabelecimentos de ensino é que vamos encontrar a resposta para a situação em que a Nação se encontra, afinal não conheço nenhum povo que tenha experimentado o desenvolvimento alicerçado na ignorância.

Por outro lado, merece referência o aspecto de que o Colégio Santo Antonio, graças à sua filosofia cristã e humanitária, está perfeitamente integrado com a comunidade dos bairros onde de se situa, constituindo motivo de orgulho para a nossa Capital.

Este aspecto merece a reflexão de todos, principalmente nestes tempos de dificuldade e incertezas que a Nação atravessa, onde muitas vezes os princípios humanitários são esquecidos por sentimento egoísticos

Assim, Srª Diretora e senhores representantes da sociedade porvir científico, mantenedora da escola, nesta data em que a cidade de Porto Alegre homenageia o Colégio Santo Antonio pelo transcurso dos seus oitenta anos de atividades em prol da comunidade, não apenas a entidade está de parabéns, mas também a Cidade, que pode contar com uma instituição de elevado gabarito, orgulho de todos nós.” Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: O próximo orador, Ver. João Verle, do Partido dos Trabalhadores que falará em nome da Casa e de seu partido.

 

O SR. JOÃO VERLE: Sr. Presidente e demais componentes da Mesa que já foram nominados, companheiros e companheiras presentes a esta nossa solenidade que visa homenagear o Colégio Santo Antonio pelos seus 80 anos de profícua existência.

Gostaria de começar dizendo que me sinto à vontade nesta homenagem e também sinto um grande compromisso, na medida em que meus três filhos homens foram e são alunos lassalistas, o maior estudou no Colégio São João e o menor, que está ocupando a tribuna ao meu lado, é aluno do Colégio Santo Antonio. Como morador que sou do bairro, mas não foi só por isso que ele foi matriculado no Colégio Santo Antonio. E, como pai de aluno, sei da orientação do Colégio, sei do cuidado, da atenção que dedicam a todos os alunos. Sei, também, da filosofia do Colégio, da preocupação com a ação participativa na educação, do acompanhamento, o planejamento, a avaliação das atividades didáticas feitas pelos pais, professores, alunos e ex-alunos.

É evidente que este processo tem um potencial de desenvolvimento, de democratização do ensino, de qualificação da docência que tem uma extensão difícil de avaliar e que se alcança progressivamente.

Recém deixamos um período autoritário da história do País e estamos aprendendo a viver com a democracia, embora estabelecimentos de ensino - digo isto com tranqüilidade porque sou professor da Unisinos, Colégio Jesuíta que teve sempre, mesmo durante a ditadura militar, um compromisso com a democracia, a liberdade e a participação -, embora muitos estabelecimentos confessionais de ensino pratiquem uma democracia maior que nos estabelecimentos de ensino público. E este é um aspecto que preciso ressaltar, porque a integração dos pais no processo ensino-aprendizagem é fundamental, porque não se ensina nada a ninguém, são as pessoas que aprendem. E sei que a filosofia dos Irmãos Lassalistas tem um profundo compromisso com a ética, com a formação do indivíduo, não apenas com a transmissão do conhecimento e da cultura. O PT defende o ensino público, gratuito e de boa qualidade a toda a população. No entanto, em nosso País, a educação não é apenas uma solução é antes um problema sério, porque o Estado, nas suas três esferas, não tem condições - e não vem ao caso dizer o porquê - de oferecer o ensino público gratuito a toda a população em idade escolar. E isso a própria Constituição admite, sabiamente, no que se refere ao capítulo sobre a educação. Nós também admitimos mas, como não poderia deixar de ser, reprovamos a mercantilização da educação, assim como reprovamos a mercantilização da saúde.

E eu me sinto à vontade porque, embora tenha que pagar o ensino de meus filhos, tenho sempre a oportunidade de acompanhar as planilhas de custo. Sabemos que não há o intuito lucrativo no Colégio Santo Antonio, e nos demais estabelecimentos lassalistas e pensamos que isso vale para outras escolas de confissão religiosa - seja de orientação católica, seja de alguma outra orientação. Isso é importante estabelecer porque existem muitas escolas que são caça-níqueis, que não estão preocupadas com a qualidade do ensino e muito menos com a formação religiosa, filosófica, política e social dos seus alunos.

Em relação ao Colégio Santo Antonio, podemos dar o nosso testemunho. Acho que isto não é pouca coisa e, por isso mesmo, é que se justifica esta homenagem que, em boa hora, o Presidente da Casa, Ver. Wilton Araújo, propôs e todos os Vereadores aprovaram. A homenagem é merecida, e esperamos que o Colégio Santo Antonio continue neste mesmo rumo e com esta mesma preocupação com a excelência do ensino e com a formação das nossas crianças, para que tenhamos cidadãos responsáveis, com boa formação moral, com conhecimento político, para que este Brasil seja melhor, e a educação venha a ser uma solução. E então tenhamos, num futuro não muito remoto a oportunidade de propiciar ensino a todas as nossas crianças em idade escolar, que possamos erradicar, ou, pelo menos, reduzir drasticamente o analfabetismo daquelas pessoas em idade adulta que nós temos, infelizmente, em nosso País, um número imenso. E que possamos dizer, num período não muito longo, que os oito milhões de crianças, hoje, entre 7 e 14 anos que não têm escola, possam ter acesso ao ensino regular e que convivam em instituições privadas, principalmente, ou exclusivamente, aquelas que não têm fins lucrativos, propiciem ensino de bom nível para que possamos superar o atraso, o subdesenvolvimento. Com isso, certamente, teremos dado passos muito grandes para erradicar a miséria do nosso povo, que é uma chaga que hoje, felizmente, despertou consciência da nossa população ou, pelo menos, aquela parcela mais esclarecida e que está se propagando por este País todo como uma forma de nós, num primeiro momento, minorarmos o sofrimento de mais de 30 milhões de compatriotas que vivem numa situação subumana, que vivem na miséria, que passam fome, e não a fome da cultura, do conhecimento, mas a fome do alimento, que não têm as mínimas condições de viver. A educação tem muito a ver com isso, quanto mais educado, quando mais culto for o povo, mais livre será este País. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver. Antônio Dib que falará em nome da Casa, em nome do seu partido o PPR.

 

O SR. JOÃO DIB: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre; Exma Srª Diretora do Colégio Santo Antonio. Senhores Vereadores, ex-Vereador João Severiano; Meus Senhores, Minhas Senhoras. Ontem nós, nesta tribuna, homenageávamos os 40 anos do Instituto de Pesquisas Hidráulicas e eu, falando, me emocionava. Hoje, nós estamos homenageando os 80 anos do Colégio Santo Antonio e volto a me emocionar. Não fui aluno do Colégio Santo Antonio, não tenho vinculação com o Colégio diretamente. Mas, se ontem eu me emocionava, é porque eu citava aqui o nome de professores que já não estão mais no nosso meio, mas que, na Escola de Engenharia, ajudaram a minha formação profissional. E eu tinha a satisfação, inclusive, de ter aqui um dos professores, que muito marcou a minha vida presente. E, hoje, eu olho aqui a galeria dos Diretores do Santo Antonio, e volto a minha infância e a minha adolescência e até a minha juventude, eu vejo aqui o Irmão Augusto que foi Diretor do Ginásio Nossa Senhora do Carmo, lá em Caxias, quando eu entrei no Ginásio. Eu vejo aqui o nome do Irmão Basílio Gregório que foi o meu último professor no ginásio. Eu vejo aqui o nome do Irmão Pedro Hotel que também foi meu professor. E, aí, eu fui lembrando do Irmão Aldo; do Irmão Armando; do Irmão Gabriel e cada um daqueles professores que fizeram a grandeza do Ginásio do Carmo à semelhança do que deve estar acontecendo com os professores que, ao longo desses 80 anos, fizeram do Colégio Santo Antonio tudo o que ele é: grande, poderoso e forte, porque ele ensina. E aí, eu lembrei desses professores que eu citei, voltei, como eu disse, à minha adolescência, minha infância e que marcaram profundamente o meu jeito de ser, a minha personalidade. Aqueles professores com suas aulas de catecismo, com suas aulas de Moral e Cívica, que contavam para nós a História do Brasil com que nós amássemos esta Pátria por tudo que ela era, por tudo que ela precisava de nós. Então realmente volto hoje a me emocionar, porque eu estou sentindo um pedaço de vida, e devido a pessoas que junto com meus pais souberam me orientar, me informar e muitas das coisas que eu, hoje aos 64 anos, faço e me lembro. Eu aprendi, lá no Ginásio do Carmo, que tinha que ser daquele jeito de ser. É só por isso que disse que me emociono.

E todas as vezes que nós falamos em ensino, seja ele público ou privado, nós estamos falando em dificuldades. O nosso último Imperador, Dom Pedro II, disse que, se não fosse Imperador, queria ser professor. Mas eu acho que, se ele estivesse vivo, agora, ele iria pensar duas vezes. Porque professor é aquele que se dedica extraordinariamente, faz dos seus alunos como se fossem seus filhos: sente responsabilidade em cima de cada um daqueles alunos, e não tem a compreensão nem da sociedade, nem do Governo. Nós só criticamos. É raro uma Sessão como esta, proposta pelo nosso Presidente, em que nós estamos homenageando uma escola. Nós não temos tempo. Nós não entendemos os problemas daqueles que são as pessoas mais importantes da vida de cada um de nós. Porque não há figura mais importante, na vida de um homem, do que seu professor. O pai e a mãe são importantes, mas o professor também ensinou o pai e a mãe. Então, o professor é a figura primeira. Eu vi isso na Europa, lá o professor é uma figura extraordinária, é o “Senhor Professor” E este “Senhor” pronunciado com muita ênfase, mas não é o que nós vivemos no Brasil. Nós vivemos só dificuldades, só problemas, nós só fazemos crítica, não somamos. E o professor continua com o mesmo entusiasmo, ensinando, ensinando, porque ele ainda tem a esperança, e até a certeza, de que nós vamos ter gerações melhores; nós vamos ter pessoas melhores; nós vamos ter entendimentos maiores; que o mundo não vai ser tão difícil; as pessoas vão se dedicar um pouquinho a seus semelhantes; vão fazer outros Colégios Santo Antonio; vão dar para todas as crianças a oportunidade de estudar: a oportunidade de serem cidadãos, o que nós desejamos que eles sejam. Aquilo que eu quero para os meus filhos que, graças a Deus, estão formados - são médicos dois deles, economistas o terceiro -, eu queria para todas as crianças do Brasil. Claro que eu não quero que sejam todos profissionais liberais, porque nós não vivemos só de profissionais liberais. Nó precisamos do agricultor, do sapateiro, do pedreiro, do carpinteiro, mas eu quero que todos tenham a oportunidade, conhecendo, sabendo, aprendendo, lendo, escrevendo, eles tenham a oportunidade de serem úteis, e ao mesmo tempo, satisfeitos consigo mesmos. É isto que me faz ficar emocionado, e até não tracei um roteiro para falar aqui.

Então, quero dizer que 80 anos podem parecer muito tempo na vida de um homem, mas na vida de uma escola não são. E, à medida em que o tempo passa, a escola se fortifica, porque tem as suas tradições, tem sua história, tem o seu ativo de realizações, que faz com que os professores, com a coletividade e o Círculo de Pais e Mestres, se somem, façam um esforço maior para que esta escola, que hoje tem 80 anos, fique cada vez mais forte, cada vez mais produtiva, cada vez mais capaz de distribuir o saber, e através do saber, a felicidade para todo o povo brasileiro. Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE (Wilton Araújo): Registramos a presença, em Plenário, do Ver. Airto Ferronato e do Ver. Divo do Canto, e também, para a honra da Casa, a presença do Presidente da Federação Brasileira das Associações La Salle, Sr. José Roberto Rodrigues, e o representante do Jornal do Comércio, Cel. Paulo Eloir Bertolucci.

Está com a palavra o Ver. Luiz Braz, que falará em nome da Casa, e em nome do seu Partido, o PTB.

 

O SR. LUIZ BRAZ: Exmo Sr. Presidente da Câmara Municipal de Porto Alegre, Ver. Wilton Araújo; Exma Srª Diretora do Colégio Santo Antonio, meu grande amigo, ex-aluno, ex-Vereador desta Casa e ex-Deputado, João Severiano, que nos honra com a sua presença aqui nesta Casa, Sr. Presidente, Srs. Vereadores. (Lê.)

“Nesta longa história de 80 anos do Colégio Santo Antonio, temos a satisfação de estar incluídos em parte dela, como pai de aluno que fomos, durante um período que nos propiciou entrar em contato com uma instituição séria, que jamais se afastou ou se afasta de seus objetivos principais, vinculados a uma educação moderna, atualizada, dentro daquilo que determina os melhores padrões mundiais.

O que nos chamou atenção, em primeiro lugar, foi a característica familiar encontrada dentro do estabelecimento; a união existente entre todos os setores do colégio, salta aos os olhos, sendo, ao nosso ver, um dos principais fatores do sucesso obtido pela instituição. Alias, é bom que se diga, que os três caibros partidos existentes no emblema do colégio e no brasão da família La Salle representam esta união pois, apesar de partidos ao meio, continuam juntos, por isso mesmo os dizeres do brasão: ‘Indivisa Manent’, isto é, permanecem unidos. Esta é uma mensagem de grande conteúdo, pois então presos a ela, irmãos, professores, alunos, pais, ex-alunos e todos que formam a grande família Lassalista através do mundo, embora separados por fatores geográficos de língua e cultura, querem permanecer unidos sob a inspiração dos ideais de uma educação integral, calcada no evangelho, segundo La Salle.

Não se pode negar que a espiritualidade sentida nos limites daquela instituição de ensino é capaz de sensibilizar, até mesmo, os mais agnósticos seres deste planeta, e esta espiritualidade faz-se sentir através da fé que é demonstrada por todos aqueles que atuam no Santo Antonio. Foi esta fé que animou os corações dos irmãos Alfred e Bernard Victor, que no dia 4 de agosto de 1913 fundaram o Colégio Santo Antonio. Tudo começou num dia chuvoso, com apenas oito alunos, que, já na segunda semana, passou para vinte e um. As duas salas, de acordo com a história, eram acanhadas, ficavam no local onde hoje está erguido o ginásio de esportes. Os Lassalistas, mais uma vez, não se amedrontaram diante das dificuldades surgidas, venceram-nas através dos tempos, e construíram no, hoje, bairro Santo Antonio, naquela época. Partenon, na antiga chácara do Dr. Malheiros, uma das mais sólidas instituições de ensino no Brasil.

Mesmo num País em crise, onde a educação é fulminada pelas reformas mais estapafúrdias e, muitas vezes, interesseiras, os seguidores de La Salle têm muito a comemorar, pois os alunos que passaram pelo Santo Antonio continuam a obter vitórias em suas vidas, comprovando a excelência dos ensinamentos recebidos; não vou aqui citar nomes, mas vou apenas revelar um pouco do meu orgulho, pois os meus filhos, ex-alunos do Santo Antonio são as comprovações de que necessito.

Situado na Rua Luiz de Camões, numa das entradas do bairro Santo Antonio, o colégio homenageado é dos marcos mais importantes para toda a comunidade, um motivo de orgulho, uma certeza de uma educação avançada para as crianças e os adolescentes que provocam aquelas paragens, e que dão uma vida mais cheia de cores àquela região.

Para finalizar, faço questão de homenagear o trabalho maravilhoso realizado no colégio pela entidade dos pais e mestres; prova deste trabalho tivemos, ainda no mês passado, quando da realização de mais uma festa de Santo Antonio no pátio da instituição, que serviu para angariar fundos para as obras do colégio, como também para confraternizar, na presença de verdadeira multidão. Quero cumprimentar não apenas os dirigentes da associação de pais e mestres, mas também quero cumprimentar a todos os pais que têm os seus filho naquela escola, ou já tiveram, como eu, algum dia, seus filhos estudando por lá; o espírito de união, já citado, cria laços amorosos de tal forma envolventes que todos querem participar das atividades existentes, citando aqui, para exemplificar, o Grupo Holofote, criado por ex-pais de alunos, ex-participantes da associação de pais e mestres, e que permanece a quase uma década se reunindo todas as semanas.

Enfim, parabéns a todos que formam aquela grande família, que sejam cada vez mais felizes e que obtenham cada vez mais sucesso.” Muito obrigado.

(Não revisto pelo orador.)

 

O SR. PRESIDENTE: Concederemos a palavra a Professora Nilza Bueno que, em nome da escola homenageada, vai se pronunciar.

 

A SRA. NILZA IRULEGUI BUENO: Sr. Presidente, Ver. Wilton Araújo; autoridades que compõem a Mesa: demais membros que congregam esta Casa do Povo, da sociedade e que trabalha para o povo, para a sociedade. Hoje nos encontramos aqui atendendo ao convite e a esta iniciativa tão carinhosa desta Casa, em homenagem ao Colégio Santo Antonio, por ocasião da comemoração de seus oitenta amos de vida, oitenta anos de trabalho. E esta Casa é a Casa do Povo e que trabalha pelo povo, nós somos a escola que formamos a criança e o jovem para a sociedade. E num trabalho muito especial, num trabalho que diríamos muito gostoso por que é participativo, numa ação integrada de participação de pais, de antigos alunos, e que hoje encontramos aqui, Sr. João Severiano, e a jovem Cláudia Brito, pais e alunos, representados na presença do Dr. Délcio Hiranzo, demais pais aqui da escola, como o Ver. Luiz Braz, professores, grêmios de alunos, escolinhas funcionam com prática de esportes e de lazer na escola, e os nossos Irmãos, representados pelo nosso Vice-Diretor, e os dois jovens Irmãos, o Alfredo e o Jerônimo. E os professores que aqui se fazem representar, todos acolhendo este convite, nos sentimos todos muito honrados com esta lembrança, com este reconhecimento do que está sendo feito pela educação. Que bom que ainda tem gente que valoriza a educação, que pensa em educação. Porque através da educação, através da soma de esforços é que nós podemos propiciar à criança e ao jovem, uma formação como aqui pais hoje disseram, como o Ver. Dib, que lembra, hoje, o ensinamento que a escola lhe deu há 64 anos atrás. Que isso nós tenhamos muito presente como educadores, este valor. O que a escola planta, o que a escola forma a gente leva para a vida.

Então, a esta Casa e aos Vereadores que desta maneira tão carinhosa fizeram por bem homenagear o Colégio Santo Antonio, o nosso muito obrigado e o reconhecimento de toda a comunidade antoniana associado a leigos e a Irmãos que lá trabalham. Muito obrigada.

(Não revisto pela oradora.)

 

O SR. PRESIDENTE: Gostaríamos, de antes do final da nossa Sessão Solene, de fazer uma homenagem especial na pessoa da Prof. Nilza, oferecendo a ela um buquê de flores, em nome do povo de Porto Alegre, em nome desta Casa que está hoje em festas, junto com todos vocês.

 

(É procedida a entrega de flores.)

 

Ao encerrarmos só nos resta dizer que a Câmara Municipal vive um dos seus belos dias em que está junto conosco o Santo Antonio, a sua comunidade e esta relação da Câmara com a sua comunidade e com os seus representantes é que faz crescer, oxigenar, a vida da Câmara Municipal.

Os Senhores não são os nossos convidados, os Senhores são pertencentes a esta Câmara. Os Senhores aqui nos colocaram e de forma objetiva nos fiscalizam, e forma objetiva nos auxiliam. Muito obrigado a esta comunidade que nos está auxiliando, de forma sincera e objetiva, e muito presente, a Cidade de Porto Alegre. Muito obrigado.

Estão encerrados os trabalhos.

 

(Encerra-se a Sessão às 18h12min.)

 

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